TEXTO DE LUÍS CARLOS MAGALHÃES

QUASE, JOÃO... QUASE...

Fico imaginando como deve ter sido a infância daquele menino. Naqueles nos, na pequena São Luiz, sem rádio, sem televisão, sem a Rio Bahia, que terá sabido ele do que se passava na cidade que o consagraria.

Ele ali, menino, distante... aquela cabeça impossível deixando entrar histórias, tantas lendas e delírios de sua cidade natal influenciada por culturas tão variadas e tão fortes.

Ora os portugueses, ora franceses e até holandeses depois. Antes os índios, depois os negros, influência definitiva e maior de sua alma tão brasileira.

Aquilo tudo certamente explodia em sua cabeça de menino, um universo tão grande em uma cidade-ilha tão pequena, tão distante.

Que emoções lhe podem ter trazido os anos de ouro do rádio: Ah! A rádio Nacioanal daqueles tempos! Teria sido ele “Emilinha” ou “Marlene”. Teria ouvido a voz “marcante” de Jorge Curi gritando “goooool” do Flamengo, aquele Flamengo de Zizinho tri-campeão? O quanto lhe terá marcado a alma o furacão Carmem Miranda daqueles anos?

E quando aqui chegou? Quem seria ele, que tipo de gente, que tipo de cabeça. De projetos, de anseios...

Que será que aspirava, a que destino queria alcançar?

Sabendo-se dele que era escriturário ainda em sua cidade, e que em cinco anos no Rio já se classificava em concurso público para o corpo de balé do Teatro Municipal, pode-se supor que esta era sua determinação, seu ambiente das artes desejado: da música, da dança, dos espetáculos.

O destino – será mesmo o destino? – já lhe preparava poucas e boas.

Getúlio estava chegando de volta, com povo “botando o retrato de velho outra vez”. O mundo dava primeiros passos da guerra fria e os brasileiros ainda naquela incurável ressaca do Maracanazzo de 1950.

Mas João, o ainda adolescente João, já estava entre nós. O Rio de Janeiro era um caldeirão cultural; Rio de Carlos Machado, de Walter Pinto, da Praça Tiradentes feérica, das boates Casa Blanca, Night and Day, Montecarlo, Fred’s.

O Rio “dos sambas e das batucadas”...

Da influência musical de Caymmi, Carmem Miranda...

Que marchinhas daqueles carnavais o terão fascinado: “Maria Candelária”; “Sereia de Copacabana” , Confete, de Francisco Alves? “Tomara que Chova”, com Emilinha, a favorita da Marinha ou Maria Lata dÁgua, de Marlene?

Que João seria aquele que chegou aqui?

Madureira era a capital do samba e os sambistas do morro do Salgueiro, ainda dividido e enfraquecido, davam sinais da união que formaria a nova escola de dois anos depois. Escola que João encontraria anos mais tarde e a marcaria para sempre.

Momento em que o Império barbarizava com “61 Anos de República”. Será que já dava pra João alcançar que samba formidável era aquele?

Certamente aquele jovem terá de alguma forma absorvido muito desse universo. Quanto dele o terá influenciado ao tempo em que dividia com Ferreira Gullar e José Carlos de Oliveira um minúsculo apartamento então pulsante bairro do Catete.

Com pouco mais de 20 era bailarino do Teatro Municipal.

Ali conheceria Pamplona. Senão bastasse conheceria Arlindo Rodrigues. O resto, vocês sabem... é história. Uma história que tantos de nós vivemos e vimos ser escrita diante de nossos olhos.

Sua frase mais famosa traduz a polêmica que era ele próprio. Outra frase não mais famosa, mas minha preferida, encerra a certeza de seu lugar na história e a semente do debate que
sempre ensejará: “Eu não mexi nas raízes, apenas arrumei vasos mais bonitos para ela!”.

Fez o carnaval não caber mais em si mesmo. Levou os desfiles para o mundo, fez dele o maior espetáculo da terra; junto com a Vale e a Grande Rio “inventou” o carnaval com patrocínio, um carnaval que foi com ele para outro lado. Um lado bom, claro que sim; um lado ruim, depende do carnaval de cada um...

Mais do que nunca o show tinha que continuar, o show tinha que crescer, melhor dizendo.

E agora João vira enredo, vira sonho... alegoria.

Vira fantasia, lantejoula, confete. Serpentina.

Foi grande sua luta pela vida. Faltou muito pouco: quase, João, quase...

Em meu sonho João morreria não agora, mas numa madrugada de domingo.

Um domingo que já está chegando, não muito distante. Sua escola desfilaria com um samba que o reverenciava. Um enredo sobre sua cidade; um enredo que o reconhecia e a ele agradecia.

Em meu sonho João vinha de cadeira, conduzido pela pista, saudando o público que tanto o aplaudia. E, em lágrimas, mandava beijos e sorrisos emocionados, muito emocionados.

Em frente ao setor 4, na ora da reverência morria.

Sim, o samba era aquele outro, de tanta emoção seu coração não aguentara. E João morria na pista que tantas vezes consagrou aquele menino tão pobre, tão iluminado, para o povo brasileiro.

E o povo cantou tanto, mas cantou tanto, que a escola parou.

A Vila veio depois e não conseguiu desfilar.

E foi assim. Seu coração não agüentou, de passarinho que era.

Quem sabe ali virava Beija-Flor , o Beija Flor que sempre foi a vida inteira.

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