Salgueiro declara seu amor à Marquês de Sapucaí
Bernardo Moura | Carnaval | 30/01/2012 01h34
A Acadêmicos do Salgueiro promoveu na noite deste domingo, 29 de janeiro, uma viagem gratuita ao Nordeste para todos que estavam na Sapucaí. Aeroporto? Rodoviária? Nada disso! Foi através do samba e gingado nordestino que os salgueirenses ofereceram aos espectadores-viajantes. Sendo a última escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí e a primeira vez que realiza o ensaio técnico, a escola declarou seu grande amor que mora no peito pelo Sambódromo.
A garoa que caiu por pouco tempo durante o ensaio da escola anterior, União da Ilha, havia sumido de vez. A Marquês se encontrava lotada, aliás, desde às 18h, as arquibancadas dos setores 1, 3, 5 e 7 já se encontravam cheias. Para assistir ao ensaio do Salgueiro, até os camarotes, que estão sendo decorados para o Carnaval, no lado ímpar da Avenida, estavam abarrotados. Na concentração, o clima não era diferente. Descontração, segurança e alegria já podiam ser sentidos entre os componentes da escola. A rainha de bateria, Viviane Araújo, cantou até parabéns para uma integrante da diretoria.
Um pouco mais tarde, a presidente Regina Celi agradeceu o apoio e a confiança recebida do público, da comunidade, da Liesa e dos patrocinadores como comandante da escola. Logo depois, os intérpretes Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa cantaram sambas antigos da escola. Dentre eles, os sambas campeões de 1993, "Peguei um Ita no Norte", e o de 2009, "Tambor".
Minutos antes do relógio cronometrar o tempo para valer, Quinho pediu à comunidade para que cantassem, cantassem e cantassem. A contagem começou às 22h48. A comissão de frente, coreografada por Hélio Benjamin, mostrava uma literatura de Cordel. Os integrantes interagiam com a plateia e com um tripé, chamado de barraca do beijo por Hélio. Em uma parte da apresentação, eles abriam um grande coração vermelho e a bandeira da agremiação. Em sua apresentação aos jurados, pôde ser percebido que os integrantes sapateavam na pista de desfiles.
Logo atrás, a ala coreografada de Carlinhos Coreógrafo empolgou o público. Eles, trajados de cangaceiros, faziam performances e danças de xote. Em outra parte, um grande bandeirão do Salgueiro foi estendido e causou o delírio das arquibancadas.
Um tripé com um telão em LED (diodo emissor de luz) passando imagens dos ensaios de quadra e do Carnaval passado era visto logo depois.
O público também conheceu, de fato, os habitantes do Nordeste. Os cabras machos, os Virgulinos e as Marias Bonitas, somando 3.500 componentes, também pisaram na Avenida. Eles cantaram forte e mostraram que sabiam a letra do samba de cor. Para se ter uma ideia, havia muitos gringos (de outras roças, sabe?) disfarçados nas alas da comunidade. E para não fazerem feio, eles também mexiam a boca ou cantavam alguma coisa parecida com o samba de Marcelo Motta, Tico do Gato, Ribeirinho, Dílson Marimba, Domingos PS e Diego Tavares.
Como a coirmã Imperatriz, o Salgueiro trouxe o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei e Gleice Simpatia, na frente da bateria. O casal demonstrou total interação entre si e comunicação com o público. Enquanto eles se apresentavam, a presidente Regina Celi pedia aplausos.
A bateria Furiosa, de mestre Marcão, realizou 7 bossas (isso mesmo, s-e-t-e), inclusive bossas de xote, baião e forró. Mestre Marcão disse ao SRZD-Carnaval que ele queria mostrar tudo o que tinha ensaiado desde junho. Com o auxílio de triângulos e azabumbas, as paradinhas funcionaram bem. Em uma delas, em frente à segunda cabine de jurados, a bateria parou de tocar os instrumentos e o povo do Nordeste cantou ainda mais forte o samba, fazendo o público delirar. Em outras, havia passinhos e coreografias executados por todos os ritmistas.
No entanto, como nem tudo é bom no sertão, no Salgueiro não foi diferente. O carro de som, ao longo do percurso, por diversas vezes dava pane. Ora sumia a voz do Quinho, ora sumia a de Leonardo Bessa. Isso quando não acontecia a microfonia. Outro ponto para ajuste também foi a evolução da escola. A agremiação ia bem, até que, na primeira cabine de jurados, durante a apresentação de Gleice e Sidclei, as alas anteriores andaram um pouco além do esperado e, formou-se um clarão na pista.
Outro ocorrido que queria tirar o brilho do ensaio da escola, foi quando a Furiosa ia entrar no segundo recuo de bateria. Imaginem a cena: a escola empolgada, cantando muito forte, bateria brincando na Avenida e, quando entra no segundo recuo, Viviane Araújo e seus companheiros se deparam com uma ambulância da Unimed, que surgira do meio do nada, subindo pela calçada, quase que atropelando pessoas que acompanhavam a escola. Parece uma leitura de Cordel, certo? Mas, foi verdade.
No mais, a musa da escola, Vânia Flor, resumiu o que foi o ensaio do Salgueiro aoSRZD-Carnaval.
"Hoje foi muito bom. No dia da Avenida, vai ser dez mil vezes melhor", afirmou.
O Acadêmicos do Salgueiro encerrou a viagem ao Nordeste, às 23h58, totalizando 1h10 de puro amor.