
- No segundo setor a gente fala um pouco de onde vem a inspiração de Romero Brito. O primeiro contato dele com a arte aconteceu através de um livro, onde ele se apaixona pela obra renascentista de Caravaggio. Vamos trazer a importância do conhecimento. Através de um livro, você se abre e idealiza onde almeja chegar um dia – explicou.
O mais curioso é que a característica principal do trabalho de Romero é totalmente o inverso de sua inspiração. Os quadros do artista pernambucano tem a alegria como traço marcante e é exatamente que aparacerá no terceiro setor do desfile. Com o tempo, o estilo de Romero Britto foi alvo do capitalismo.
- No quarto setor, vamos falar da arte comercial, o pop-arte, como é conhecida a obra de Romero. É um artista pop e extremamente comercial. Tudo isso acontece num país capitalista, que são os Estados Unidos, onde ele encontra o reconhecimento. Tudo isso será mostrado.
A vinda de Romero Britto ao Brasil para ser reconhecido no maior espetáculo da Terra ganha menção no quinto setor. Édson Pereira buscou neste setor abordar a similaridade da irreverência do carioca com a arte alegre e colorida do artista. Em seguida, um tripé, representará um dos maiores feitos da carreira de Romero Britto: incluir uma obra em exposição no museu do Louvre, em Paris.

- Para fechar, faremos uma comparação da arte popular nordestina com a arte de Romero Brito. Os traços do Romero são muito fortes, coloridos, e isso está inserido no cotidiano nordestino, onde existe o frevo, o maracatu, a chita. Acho que esse é o setor mais emocionante. Poderemos ver o artista inserido em sua obra – disse Édson, explicando o último setor do desfile da escola.
É a primeira vez na carreira que o carnavalesco presta uma homenagem neste sentido. Quis o destino que a oportunidade trouxesse alguém bem alinhado à vida de Édson, e ele falou sobre a situação.

A ideia do enredo partiu do próprio carnavalesco e foi prontamente abraçada pelo presidente Antônio Carlos Salomão. Apesar de desconhecida do público que não acompanha carnaval ao longo do ano, a Renascer parece começar a colher os frutos da homenagem. Édson Pereira comemorou o fato de a escola ter optado por esse caminho.
- Até o ano passado, quase não se ouvia falar do nome dele por aqui. É lógico que não serei pretensioso de dizer que foi por causa da escola que o trabalho tem ganhado mais repercussão, mas me surpreendo quando vejo muito mais Romero pelas ruas. Antigamente as pessoas não associavam a arte ao artista. Viam aqueles desenhos maneiros, coloridos e não sabia de quem era. Agora isso não acontece mais. O carnaval é isso, passar conhecimento.

- Ele me deixou bem à vontade. Costumo dizer que carnaval não é nada conhecido por alguém que não trabalhe nesse meio. Temos regras, conceitos que pessoas que, principalmente, não acompanham e não vivem no Brasil, acabam desconhecendo. Precisei fazer com que ele entendesse isso. Não é tudo que sonhamos que podemos materializar na Avenida. Ele entendeu isso muito bem, até porque nunca foi objetivo dele participar do carnaval mais de perto.
Este será o segundo trabalho de Édson Pereira no Grupo Especial. Em 2010, com a Viradouro, num ano bastante conturbado na vermelho e branco de Niterói, ele dividiu a assinatura do carnaval com Junior Schall – atualmente na Vila – e acabou amargando um rebaixamento. Desta vez, em um momento completamente diferente, ele espera ajudar a manter a Renascer de Jacarepaguá no Grupo Especial. A escola será a primeira a desfilar no domingo de carnaval.