POLÊMICA SOBRE O ENREDO DA PORTO DA PEDRA


Porto da Pedra defende o leite e pede passagem

Ao escrever sobre a letra do samba-enredo para o carnaval deste ano da Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra (aquele da “hera gera”), quis chamar a atenção para o fato de que a grande influência que o desfile vem recebendo nos últimos tempos é a do patrocínio. Isso não é novidade. Mas, quando uma escola resolve cantar o iogurte apenas porque é financiada por uma fábrica de laticínios, fica a impressão de o esquema chegou ao ridículo. 
A Porto da Pedra não gostou, é claro, e escreveu ao colunista uma carta aberta, que reproduzo aqui: 

“Nos tempos do ‘samba do crioulo doido’, que segundo Artur Xexéo, em sua coluna na Revista O GLOBO de 15 de janeiro, pareciam enterrados para sempre, os compositores, numa versão diferente da que aponta o colunista, não se atrapalhavam contando histórias em sambas-enredos. Eram poetas humildes sem formação e sem oportunidades, no entanto, artistas belos e natos, que superavam o desconhecimento e não só aprendiam em tempo recorde, mas produziam canções inesquecíveis, poéticas e com função educadora, tanto para a sua comunidade, como também para todos os amantes do samba, na maioria humildes como eles. Como se aprendia naquela época com o samba, e como nós, sambistas, temos orgulho disso! Não, infelizmente não resgatamos, ainda, o que a coluna define como época do samba do crioulo doido, mas como gostaríamos de fazer isso! 

O texto escrito e publicado na coluna apresenta uma visão pré-concebida de que ‘o carnaval se sofisticou’ e os enredos ficaram abstratos. Visão, no mínimo, equivocada. Enredos abstratos são sinônimo de sofisticação? E os tantos enredos patrocinados nos últimos anos? Foram todos, então, na visão do autor da coluna, abstratos e sofisticados? O tom evolutivo da narrativa sobre o desenvolvimento do carnaval, além de mal informado, revelou muitos preconceitos. 

O colunista tem todo o direito de não gostar do enredo da Porto da Pedra e de manifestar isso. Faz parte de seu trabalho. O que não pode é usar sua opinião tão importante para denegrir de forma tão pouco fundamentada uma escola de samba, uma comunidade e uma cidade. 

A Porto da Pedra não inventou o patrocínio entre as escolas de samba, e afirmar categoricamente que nosso tema não rende um desfile sem ao menos conhecê-lo, saber sobre sua sinopse, sem visitar seu barracão ou mesmo conversar com o carnavalesco sobre o samba-enredo, é um pré-julgamento baseado em achismos. 

Nossa escola e sua comunidade têm total consciência e orgulho do belo trabalho que estão desenvolvendo. E, por isso, as nossas portas estão abertas para que o colunista e quem se interessar possam conhecer o bom trabalho que está sendo feito. E aí, sim, poder criticar ou elogiar com total liberdade de opinião. Afinal, o bom jornalismo, inclusive o de coluna, é feito a partir desse esforço. Conhecer para opinar.” 

Lamento que a Porto da Pedra não tenha entendido a coluna. Ou que o colunista não tenha sabido se expressar. Nunca escrevi que patrocínio, sofisticação e enredos abstratos desfilam juntos. Também sequer insinuei que a Porto da Pedra tenha inventado o patrocínio. Este ano mesmo há outros exemplos de enredos comprados. Ou alguém acredita que o carnavalesco da Beija Flor acordou um dia imaginando que o Maranhão seria um bom tema para o carnaval? Há até patrocinadores que não patrocinam, como na São Clemente. A empresa de entretenimento de Luiz Calainho conseguiu até ter seu nome no título do enredo (“Uma Aventura musical na Sapucaí”), mas nem por isso o empresário está pondo dinheiro na escola. Calainho funciona como um captador (no meu tempo, dizia-se “descolar uma grana”; agora é “captar”). Mas nada fere mais a tradição do que associar o iogurte ao samba. Foi só isso que eu quis dizer. Tomara que a Porto da Pedra faça um belo desfile. Mas ela vai entrar na Sapucaí com a desvantagem de estar homenageando o iogurte. 

Quanto ao “hera gera”, o leitor Joel Gomes matou a charada: “Concordo que ‘hera gera’ é demais, mas acredito que — em ‘Hera gera o caminho das estrelas’ — , o compositor se refere à Via Láctea, que, em sua mente, pode ter gerado o iogurte.” Ah... láctea, iogurte... é... tem tudo a ver. 

Ainda sobre o mesmo assunto, recebi e-mail da leitora Celia Foneca: “Quando você não tiver assunto para sua coluna, é melhor não escrever nada. Não deveria ter desenterrado a frase racista do Sérgio Porto. Todos sabem perfeitamente que ‘crioulo’, no Brasil, é forma pejorativa de se referir aos negros. Essa frase infeliz deveria, portanto, ter sido banida da imprensa há muito tempo.” 
Então tá combinado: a partir de agora, a obra de Sergio Porto ficará conhecida como “Samba do afrodescendente doido”.

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