
- Vim para o Império pelas mãos do Ivo Meireles. Fui meio que escolhido por gostar de fazer e conseguir fazer bem homenagens a personalidades. Trabalhei com o Max em Dercy (Viradouro 1991), fiz Comandante Rolim (Salgueiro 2002), Bibi Ferreira (Viradouro 2003) e Nelson Cavaquinho (Mangueira 2011). Faço parte de um pacote de profissionais que veio para
integrar essa administração do Átila e participar desse novo momento do Império. Nossa equipe é muito bem conceituada e o Átila disse que não queria nada reaproveitado. Não tem ferragem, escultura ou qualquer outra coisa reaproveitada. É tudo zerado, inédito. Além da parte artística, conheço a parte de organização. Já fui chefe de barracão e equipei muitos barracões. Tenho esse histórico desde o Porto da Pedra e isso também influenciou para que eu viesse para a escola – disse ele, prometendo que o projeto desenvolvido é semelhante ao de uma agremiação do Grupo Especial.

Mauro começará desenvolvendo o enredo trazendo as tradições africanas presentes na família de Dona Ivone Lara. Ele revelou que a escolha foi baseada em algo que lhe trouxesse um ganho plástico. Será uma África de cerâmica verde e inspirada no universo feminino. Na abertura da escola serão 150 mulheres negras e uma leoa no abre-alas, que terá 32 metros de comprimento. A comissão de frente, coreografada por Carlinhos de Jesus, terá indumentária dupla e representará duas partes distintas do enredo. Não será usado tripé. Segundo Mauro, a proposta é fugir um pouco do modelo das comissões atuais.

No terceiro setor, 'Os cinco bailes do Império', samba-enredo composto por Ivone e parceiros ganha espaço. Ela foi a primeira mulher a vencer uma disputa de samba-enredo e, para mostrar isso, Mauro até pensou em fazer uma alegoria com cinco grandes bailes, mas preferiu sintetizar em apenas um grande baile. A proposta dessa alegoria é mais barroca e novamente trará componentes teatralizados por Mauro Carvalho.

A grande homenageada virá no quinto e último carro. Rodeada por 30 baianas imperianas que não têm mais condição física de desfilar no chão, Ivone desfilará vestida de baiana, segundo Mauro, esse foi o único pedido dela. Ela estará sentada em uma cadeira de palha e a alegoria terá oito imensas esculturas de baianas. Esse será o grande final planejado para o desfile do Império Serrano.

Mauro Quintaes tem uma particularidade bem curiosa entre os carnavalescos atuais. Numa fase de presidentes-artistas, casos de Ivo Meireles, Gusttavo Clarão e Átila Gomes, ele trabalhou com dois deles. Viveu também o outro lado da moeda, já que trabalhou com presidentes com feição somente pelo lado administrativo, sem muito conhecimento de causa do samba especificamente. Ele analisa as diferenças.

Perguntado se confia no julgamento do Grupo de Acesso A, Mauro sabe que nem sempre a melhor escola na pista tem levado o título e lamenta por isso acontecer.

Mas e se a escola não corresponder às expectativas da grande torcida imperiana? O trabalho de Átila na presidência será colocado à prova? Tudo o que foi feito até agora no sentido de reestruturar o Império Serrano será esquecido? Mauro acha que não e diz que é importante ter serenidade caso a escola não consiga o acesso este ano.

Campeão nove vezes do Grupo Especial, o Império Serrano busca voltar à elite do carnaval carioca, local onde esteve pela última vez em 2009. Desde 1982 sem faturar o caneco do Grupo Especial, a Verde e Branco da Serrinha foi rebaixada pela primeira vez em 1978, depois disso foram mais cinco rebaixamentos. A escola já venceu o Grupo A em três oportunidades: 1998, 2000 e 2008.